domingo, 15 de maio de 2016

"Ocorrência" de 05/05/2016


Acordei à 4 da manhã com a Filipa a chamar. Quando cheguei ao quarto dela, ainda às escuras, ela de imediato pediu ajuda para ir à casa de banho fazer xi-xi. Quando me aproximei da cama pisei algo estranho e pensei logo que o Ideafix tinha feito asneira da grossa. Ajudei a Filipa a sair da cama, mas de imediato constatei que a coitadinha já estava com xi-xi até ao pescoço e notei ainda numas manchas na almofada. Ela seguiu para a casa de banho e quando abri a luz do quarto, verifiquei que as manchas na almofada e o que tinha pisado no chão se tratava de vomito da Filipa. Quando cheguei à casa de banho para a ajudar a sentar-se na sanita, não só estava encharcada em xi-xi mas também estava com vomito espalhado pela cara e no cabelo. Entretanto a Ana apercebeu-se de alguma agitação extra e veio ver o que se estaria a passar.

Começaram então os preparativos para o banho, sem que a Filipa não deixa-se de dar um sinal de que tinha estado a tremer antes de nos chamar. Na altura verificámos que estava com 37 e poucos graus de temperatura (que para ela começa a evidenciar algo mais) e ligámos os tremores a um possível sintoma de febre, no entanto já sentada na banheira registámos a primeira crise. Acabado o banho fomos todos para a sala e ficámos acordados a tentar entender o que se estaria a passar, já com a preocupação adicional de haver crises juntamente com um episódio de vomito.

Entre as 04h e as 06h da manhã verificámos pelo menos umas 5 a 6 crises. Voltámos a verificar a temperatura e continuava a apresentar temperaturas de 37 e poucos graus embora a testa estivesse quentinha, mas como ela costuma ganhar alguma temperatura quando está com crises…

De qualquer das formas, decidimos que assim que a coisa acalmasse um pouco iriamos dar-lhe Bem-U-Ron.

06:05 - Pequena crise
06:25 - Pequena crise
06:45 - Pequena crise
07:22 - Pequena crise (esta crise foi acompanhada por um pequeno vomito)

Por volta das 08h tentámos que comesse algo para lhe podermos dar o Bem-U-Ron e a medicação com algo no estômago. A única coisa que conseguimos que ingerisse foi o seu habitual leite com chocolate, embora cientes de que dar-lhe aquilo com o anterior episódio de vómitos não seria o ideal, no entanto…

Por volta das 08:20 entra numa forte convulsão acompanhada de vómito tendo deitado fora o leite do pequeno almoço. Após isto decidimos que em casa não conseguiríamos ajudá-la e que poderia ser complicado tentarmos fazê-lo sozinhos, até porque não sabíamos o que se estava realmente a acontecer. Fomos para o Hospital de Santa Maria!

No caminho para o hospital, quase a chegar, tem nova forte convulsão acompanhada de vómito.

Assim que chegámos à porta da urgência pediátrica do hospital, a Filipa nem conseguiu entrar pelo próprio pé. Estava a andar amparada por nós os dois quando de repente entra em convulsão e fica de joelhos à porta do hospital. De imediato começa um corrupio e ao ver que ela não reagia, acabei por pegar nela ao colo e entrar pelas urgências a dentro, tendo de imediato encontrado pessoal médico à minha espera a encaminhar-nos para a sala de reanimação. Enquanto estava a tentar explicar o que se estaria a passar, continuava a reparar que a Filipa não conseguia reverter por ela própria e comecei a ficar algo agitado. Lembro-me que lhe mediram a temperatura e que já ia nos 39,5 graus de temperatura. Entretanto pediram a um médico que me acompanhasse para fora da sala de reanimação com o pretexto de ajudar a preencher formulário de entrada na urgência e colocar questões sobre as crises e a medicação em vigor.

À medida que as coisas iam acontecendo, ia trocando mensagens com a Ana que estava à porta das urgências e a dada altura veio uma auxiliar dizer-me para ir ter com a mãe que estava lá fora preocupada. Aproveitei a ocasião para sair um pouco dali e ir falar um pouco com a Ana fora dali.

Algum tempo (pouco tempo depois), tentámos entrar nas urgências para ver o que se estava a passar e pelo menos um de nós estarmos lá quando a Filipa saísse da reanimação. Estávamos a passar as portas de acesso às urgências e a Filipa estava já preparada para ser transferida para o SO.

Efectuada a passagem da Filipa para o SO, de registar que:

·         Tiveram que lhe dar dois diazepam para que ela conseguisse acabar as convulsões, tendo ela ficado sedada durante um longo período,
·         Recebeu a mediacação habitual via venoso,
·         O diagnóstico apresentado referiu que a Filipa tinha uma amigdalite de origem bacteriana (o que justificava as febres altas e os vómitos),
·         A terapêutica que nos recomendaram, foi uma injecção de penicilina, que muito lhe custou (nunca experimentei, mas pela reacção dela deve ter doido imenso) mas que no caso dela seria o melhor para evitarmos estar a dar-lhe antibiótico durante vários dias e ser de actuação bem mais rápida.

A medicação do final do dia, já foi via oral. Aproveitaram a medicação que tínhamos feito de manhã ainda em casa antes de sairmos para o hospital e que levámos connosco. Como o que foi comendo (alguns iogurtes e uma ou duas bolachas) e a medicação via oral, já não lhe provocou vómitos começamos a falar que talvez ainda naquele dia ela tivesse alta. Isto levou um momento menos agradável que foi o deixarem-me ir para casa (já por volta das 22:30) por não haver indicação de alta e depois já perto da meia noite, receber um telefonema da Ana a dizer que tinha acabado de chegar a médica a querer dar-lhe alta. Lá fui apanhá-las ao hospital e trazê-las para casa para podermos descansar ao fim de quase 22 horas seguidas sem descanso.

No dia seguinte ficámos em casa com ela a controlar a situação, a verificar que a febre ainda dava sinais, não conseguia comer em condições, mas que efectivamente seria situação que se iria normalizar em pouco tempo.

Com este historial todo, não sabemos como considerar este episódio. Estávamos quase com 4 meses sem crises registadas, após alguns tempos com intervalos sem crises mais reduzidos e com um possível aumento de medicação eminente. Pensamos que não foi coincidência e que as crises/convulsões foram provocadas pela amigdalite, mas não sabemos que influência pode ter tido no ciclo das crises. Vamos ter que esperar pelo próximo episódio de crises “normais” para sabermos.