Acordei à 4 da manhã com a Filipa a chamar. Quando cheguei ao quarto dela,
ainda às escuras, ela de imediato pediu ajuda para ir à casa de banho fazer
xi-xi. Quando me aproximei da cama pisei algo estranho e pensei logo que o
Ideafix tinha feito asneira da grossa. Ajudei a Filipa a sair da cama, mas de
imediato constatei que a coitadinha já estava com xi-xi até ao pescoço e notei
ainda numas manchas na almofada. Ela seguiu para a casa de banho e quando abri
a luz do quarto, verifiquei que as manchas na almofada e o que tinha pisado no
chão se tratava de vomito da Filipa. Quando cheguei à casa de banho para a
ajudar a sentar-se na sanita, não só estava encharcada em xi-xi mas também estava com
vomito espalhado pela cara e no cabelo. Entretanto a Ana apercebeu-se de alguma
agitação extra e veio ver o que se estaria a passar.
Começaram então os preparativos para o banho, sem que a Filipa não deixa-se
de dar um sinal de que tinha estado a tremer antes de nos chamar. Na altura
verificámos que estava com 37 e poucos graus de temperatura (que para ela
começa a evidenciar algo mais) e ligámos os tremores a um possível sintoma de
febre, no entanto já sentada na banheira registámos a primeira crise. Acabado o
banho fomos todos para a sala e ficámos acordados a tentar entender o que se
estaria a passar, já com a preocupação adicional de haver crises juntamente com
um episódio de vomito.
Entre as 04h e as 06h da manhã verificámos pelo menos umas 5 a 6 crises.
Voltámos a verificar a temperatura e continuava a apresentar temperaturas de 37
e poucos graus embora a testa estivesse quentinha, mas como ela costuma ganhar
alguma temperatura quando está com crises…
De qualquer das formas, decidimos que assim que a coisa acalmasse um pouco
iriamos dar-lhe Bem-U-Ron.
06:05 - Pequena crise
06:25 - Pequena crise
06:45 - Pequena crise
07:22 - Pequena crise (esta crise foi acompanhada por um pequeno vomito)
Por volta das 08h tentámos que comesse algo para lhe podermos dar o Bem-U-Ron
e a medicação com algo no estômago. A única coisa que conseguimos que ingerisse
foi o seu habitual leite com chocolate, embora cientes de que dar-lhe aquilo
com o anterior episódio de vómitos não seria o ideal, no entanto…
Por volta das 08:20 entra numa forte convulsão acompanhada de vómito tendo
deitado fora o leite do pequeno almoço. Após isto decidimos que em casa não conseguiríamos
ajudá-la e que poderia ser complicado tentarmos fazê-lo sozinhos, até porque
não sabíamos o que se estava realmente a acontecer. Fomos para o Hospital de
Santa Maria!
No caminho para o hospital, quase a chegar, tem nova forte convulsão
acompanhada de vómito.
Assim que chegámos à porta da urgência pediátrica do hospital, a Filipa
nem conseguiu entrar pelo próprio pé. Estava a andar amparada por nós os dois
quando de repente entra em convulsão e fica de joelhos à porta do hospital. De
imediato começa um corrupio e ao ver que ela não reagia, acabei por pegar nela
ao colo e entrar pelas urgências a dentro, tendo de imediato encontrado pessoal
médico à minha espera a encaminhar-nos para a sala de reanimação. Enquanto
estava a tentar explicar o que se estaria a passar, continuava a reparar que a
Filipa não conseguia reverter por ela própria e comecei a ficar algo agitado.
Lembro-me que lhe mediram a temperatura e que já ia nos 39,5 graus de
temperatura. Entretanto pediram a um médico que me acompanhasse para fora da
sala de reanimação com o pretexto de ajudar a preencher formulário de entrada
na urgência e colocar questões sobre as crises e a medicação em vigor.
À medida que as coisas iam acontecendo, ia trocando mensagens com a Ana que
estava à porta das urgências e a dada altura veio uma auxiliar dizer-me para ir
ter com a mãe que estava lá fora preocupada. Aproveitei a ocasião para sair um
pouco dali e ir falar um pouco com a Ana fora dali.
Algum tempo (pouco tempo depois), tentámos entrar nas urgências para ver o
que se estava a passar e pelo menos um de nós estarmos lá quando a Filipa saísse
da reanimação. Estávamos a passar as portas de acesso às urgências e a Filipa
estava já preparada para ser transferida para o SO.
Efectuada a passagem da Filipa para o SO, de registar que:
·
Tiveram
que lhe dar dois diazepam para que ela conseguisse acabar as convulsões, tendo
ela ficado sedada durante um longo período,
·
Recebeu
a mediacação habitual via venoso,
·
O
diagnóstico apresentado referiu que a Filipa tinha uma amigdalite de origem
bacteriana (o que justificava as febres altas e os vómitos),
·
A terapêutica
que nos recomendaram, foi uma injecção de penicilina, que muito lhe custou
(nunca experimentei, mas pela reacção dela deve ter doido imenso) mas que no
caso dela seria o melhor para evitarmos estar a dar-lhe antibiótico durante
vários dias e ser de actuação bem mais rápida.
A medicação do final do dia, já foi via oral. Aproveitaram a medicação que tínhamos
feito de manhã ainda em casa antes de sairmos para o hospital e que levámos
connosco. Como o que foi comendo (alguns iogurtes e uma ou duas bolachas) e a
medicação via oral, já não lhe provocou vómitos começamos a falar que talvez
ainda naquele dia ela tivesse alta. Isto levou um momento menos agradável que
foi o deixarem-me ir para casa (já por volta das 22:30) por não haver indicação
de alta e depois já perto da meia noite, receber um telefonema da Ana a dizer
que tinha acabado de chegar a médica a querer dar-lhe alta. Lá fui apanhá-las
ao hospital e trazê-las para casa para podermos descansar ao fim de quase 22
horas seguidas sem descanso.
No dia seguinte ficámos em casa com ela a controlar a situação, a verificar
que a febre ainda dava sinais, não conseguia comer em condições, mas que
efectivamente seria situação que se iria normalizar em pouco tempo.
Com este historial todo, não sabemos como considerar este episódio.
Estávamos quase com 4 meses sem crises registadas, após alguns tempos com
intervalos sem crises mais reduzidos e com um possível aumento de medicação
eminente. Pensamos que não foi coincidência e que as crises/convulsões foram
provocadas pela amigdalite, mas não sabemos que influência pode ter tido no
ciclo das crises. Vamos ter que esperar pelo próximo episódio de crises “normais”
para sabermos.